A internet trouxe várias facilidades, não é preciso dizer. Para nós, e para os criminosos também. Para pedir um empréstimo bancário, em princípio, você precisará comprovar que possui renda, ou que não está com o nome sujo na praça. A lógica do crédito é simples: se você não prova sua renda, não prova que pode pagar pelo empréstimo, e se está com o nome sujo, provavelmente, não é um bom pagador. Ora: não faz nenhum sentido para o banco emprestar dinheiro para quem não pode ou não vai pagar pelo dinheiro que recebeu. É justamente aí que nasce um mercado promissor para a bandidagem, que alia dificuldades para obtenção de crédito ao misterioso mundo da internet, onde tudo é possível, inclusive cair num golpe.
Começa assim: primeiro a pessoa procura o banco e descobre que o banco não irá lhe emprestar o dinheiro. Se um banco não te empresta dinheiro, provavelmente, o outro também não. Com a negativa do banco, você vai para internet, pesquisa no Google, no Facebook, e descobre “bancos” que te dão dinheiro fácil, a juros baixíssimos, e que não exigem nada, nem se preocupam com sua capacidade para saldar a dívida, nem se importam que seu nome está negativado. Por vezes, é uma oferta de dinheiro fácil que vem pelo Messenger ou pelo Whatsapp: é só entrar em contato que, em alguns minutos, seu crédito estará liberado, prometem.
Depois disso, os criminosos procuram dar credibilidade à operação, porque tudo é tão fácil que é capaz de você – em algum momento – descobrir que ninguém faz milagre. Pelos aplicativos te mandam formulários para preencher, cópias de contratos sociais (por vezes, de empresas sérias), pedem cópias de documentos pessoais e uma conta bancária – sua ou de um amigo, ou do vizinho – para que eles possam depositar o dinheiro, dinheiro que nunca será depositado. O próximo passo é esse: preencher tudo direitinho, fotografar os documentos e entregar tudo para os bandidos – que se passam por uma consagrada instituição financeira ou por um novo banco, como XYZ Financeira, MoneyCred, ItiCreditos do Brasil (os nomes são fictícios).
Tudo pronto, é hora de você cair no golpe, o que não vai levar mais que alguns minutos. Os golpistas pedem que você efetue um pequeno depósito, destinado a pagar pelos custos bancários; dizem que são taxas de financiamento, taxas cambiais, honorários advocatícios, parcela de segurança. Depositou? Está feito. Olhe no seu comprovante de depósito ou de transferência e veja qual é exatamente o tamanho do prejuízo. Esses depósitos e transferências são feitos para contas de poupança em nome de pessoas físicas, pessoas que também são vítimas, geralmente, gente que perdeu os documentos pessoais e que agora – sem saber – tem contas bancárias abertas em seu nome e utilizadas por golpistas. Não parece estranho que você empreste dinheiro da ZZZ CredFácil, e tenha que depositar R$ 500 na conta de poupança de Maria do Socorro da Silva, CPF número tal? Não parece estranho que quem está precisando de dinheiro, tenha que depositar dinheiro antes para o banco? Pois é, parece estranho porque é um golpe. Alguns golpistas propõem empréstimos pelo cartão de crédito, caso em que você precisa fornecer todos os dados de seu cartão de crédito, inclusive o código de segurança, o que, é óbvio, permitirá que eles comprem e paguem com o seu cartão de crédito. Enfim, o último passo repete os anteriores. Os bandidos pedem novos depósitos ou transferências, e se você fizer, seu prejuízo só vai aumentar.